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COLUNA CULTURAL

Por Cláudio Pinheiro

(Pesquisador cultural/ Artista Maranhense)

                                                            Hun -hun! Hen-hein! 

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Havia umas coisas varrumando o meu juízo e resolvi abrir a porteira do pensamento e dar passagem a coisas do tempo do ronca, do tempo da janambura. Coisas de maranhense! Pensamento é coisa séria. Pensei em descartá-los, mas seria um uma injustiça rebolar no mato uma coisa bem pensada e bem lembrada. O linguajar maranhense guarda  suas peculiaridades resultantes da mescla das inúmeras contribuições étnicas na construção de um falar identitário. O universo  das palavras é como um baú  individual e , ao mesmo tempo,  coletivo, caracterizando-se como um verdadeiro fundo arcaico  de memórias, fazeres e representações do saber local.

"Casario de São Luís" Foto: Cláudio Pinheiro"

Algo nos difere e nos faz orgulhosos, quando proferimos expressões com significado próprio, num quase dialeto, seja na troca de afeto ou de ofensa. A palavra tem essa potência de arco e flecha. A língua nos define, nos defende, nos coloca em todos os mundos possíveis nos campos da imaginação e coloquial. O dia a dia possui cor, força e som, quando nos utilizamos  da vida e da morada inteira  que reside na palavra. O povo daqui fica brocado, ao invés de ficar com fome. O pouco de uma coisa é um tiquinho. E, se não quiser, tem quem queira! Já dizia o mestre Antônio Vieira. Fazer zoada, arrumar cascaria, arremedar, inticar com o outro, dar um cascudo, sair na tubada, marocar..... Menino muito ativo, os mais velhos diziam: esse não se cria. Passa pra casa, tu vais já pegar uma pisa. E aquele pé na parede  pra embalar a rede depois da boia? É muita gaiatice, né? Quem ainda não ouviu dizer que fulano tá apostemado, com a arca caída, com a moleira aberta, com dor nos quartos. Beltrana deu um bilora!  Cicrano teve um passamento e bateu as botas.


Bem, teríamos uma dezena de palavras e expressões próprias para enumerar. Ia parecer até que eu tô querendo me (amostrar). Nada disso. Conversar com a lembrança é construir uma conexão com o que não se acaba ou desbota com o passar do tempo. Reconhecer que a pessoa é um livro para ser
 lido e decorado nos dá a sensação de eternidade, que há no dedo de prosa da vida. A lembrança é a nossa casa do passado, do presente e do possível futuro, nessa fantástica experiência humana de palavrear!

 


Hun-Hun, Hen-hein! Tô indo bem ali aviar umas coisas da memória na sortida quitanda de Deus. Inté!!!
                                                                                                                       
Novembro, 2023

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