top of page

_edited.jpg)
COLUNA CULTURAL
Por Cláudio Pinheiro
(Pesquisador cultural/ Artista Maranhense)
Hun -hun! Hen-hein!
00:00 / 02:56
Havia umas coisas varrumando o meu juízo e resolvi abrir a porteira do pensamento e dar passagem a coisas do tempo do ronca, do tempo da janambura. Coisas de maranhense! Pensamento é coisa séria. Pensei em descartá-los, mas seria um uma injustiça rebolar no mato uma coisa bem pensada e bem lembrada. O linguajar maranhense guarda suas peculiaridades resultantes da mescla das inúmeras contribuições étnicas na construção de um falar identitário. O universo das palavras é como um baú individual e , ao mesmo tempo, coletivo, caracterizando-se como um verdadeiro fundo arcaico de memórias, fazeres e representações do saber local.

"Casario de São Luís" Foto: Cláudio Pinheiro"
Algo nos difere e nos faz orgulhosos, quando proferimos expressões com significado próprio, num quase dialeto, seja na troca de afeto ou de ofensa. A palavra tem essa potência de arco e flecha. A língua nos define, nos defende, nos coloca em todos os mundos possíveis nos campos da imaginação e coloquial. O dia a dia possui cor, força e som, quando nos utilizamos da vida e da morada inteira que reside na palavra. O povo daqui fica brocado, ao invés de ficar com fome. O pouco de uma coisa é um tiquinho. E, se não quiser, tem quem queira! Já dizia o mestre Antônio Vieira. Fazer zoada, arrumar cascaria, arremedar, inticar com o outro, dar um cascudo, sair na tubada, marocar..... Menino muito ativo, os mais velhos diziam: esse não se cria. Passa pra casa, tu vais já pegar uma pisa. E aquele pé na parede pra embalar a rede depois da boia? É muita gaiatice, né? Quem ainda não ouviu dizer que fulano tá apostemado, com a arca caída, com a moleira aberta, com dor nos quartos. Beltrana deu um bilora! Cicrano teve um passamento e bateu as botas.
Bem, teríamos uma dezena de palavras e expressões próprias para enumerar. Ia parecer até que eu tô querendo me (amostrar). Nada disso. Conversar com a lembrança é construir uma conexão com o que não se acaba ou desbota com o passar do tempo. Reconhecer que a pessoa é um livro para ser lido e decorado nos dá a sensação de eternidade, que há no dedo de prosa da vida. A lembrança é a nossa casa do passado, do presente e do possível futuro, nessa fantástica experiência humana de palavrear!
Hun-Hun, Hen-hein! Tô indo bem ali aviar umas coisas da memória na sortida quitanda de Deus. Inté!!!
Novembro, 2023
ONDE ESTAMOS
Forte Santo Antônio da Barra - Av. Dr. Jackson Kepler Lago/ Ponta D'Areia, São Luís.
FUNCIONAMENTO
O Forte está aberto de terça-
feira a sábado, das 10h às 18h.
Para mais informações ou
dúvidas, escrever para o email: fortesantoantonioslz@gmail.com
AGENDAMENTOS
Agende uma visita para o seu grupo ou instituição.
bottom of page