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COLUNA CULTURAL
Por Cláudio Pinheiro
(Pesquisador cultural/ Artista Maranhense)
Estética Cordelista
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Áudio do texto narrado - Estética cordelista
A alma colorida do cordel é o traje de festa de uma arte que resiste feito um arvoredo sertanejo, um roçado, cuja chuva é a inspiração e a vontade de derramar versos como água na vida e nos açude dos sentimentos. O cordel, arte secular, traz em sua feição estética uma marca expressa em cores, lendas, mitos, estórias, fatos, circunstâncias, amores, coisas de despedida, chegada de bonança, amor e, sobretudo, crítica.

Dia do Nordestino
Romildo Rocha, 2020
A arte cordelista é uma arma poderosa disseminada no coração e nas beiradas do sertão e do Brasil afora. O cordelista nasce onde sua arte brota e se cumpre. O autor de cordel, vestido de lugar, é um estandarte de sonhos e quimeras, às vezes, buscados na peçonha do tino, em busca do mote que rime luta e vida.
O livreto de cordel, esticado em uma corda, por isso o seu nome, é como se fosse a carta de abc dos olhos. Ficam no vento, ao sol, como se dando aos encantos de quem passa pelas ruas e pelas feiras, suas principais moradas. Contemplar um livro de literatura de cordel é como se o tempo desse passagem para o lúdico e para o encantamento.

Moça roubada
Autor: J Borges - Galeria Brasiliana
O livro, além das palavras em rima, traz sempre figuras interpretadas pela xilogravura.
O casamento perfeito do que se lê com o que se vê. Casamento arranjado com a cumplicidade da música e dos instrumentos. A literatura de cordel não se come só com os olhos. Mergulhar no universo cordelista é dar um tibum na cacimba e nos igarapés de um mundo fantástico de paisagens, que quase se movem do papel.
Sinto cordel como um verso aceso muito mais com gente, que com letras. A palavra,
vida severa, severina é, certamente, a primeira semente quando se quer criar gente/pessoa. Rimar palavras, como se faz em um cordel, é a prova de vida que basta. Rimar é uma capacidade de luxo para quem carrega tesouros de lembranças e narrativas guardadas na memória. As gentes, os bichos, a fantasia explorados na literatura de cordel se constituem em um legado imprescindível para identidade cultural do Brasil.

Artista João Pedro Viana esculpindo peça de xilogravura
(foto: reprodução/Foto: Anne Vilela)
Pensar na literatura de cordel como somente a fotografia nordestina é pouquismo.
Porque a alma do artista é mais que um decalque, uma talha, um lamento sertanejo.
O cordel é gente impressa em cores, som e sol maior. Soltem os versos,
poetas, que a corda aguenta!
Agosto de 2023
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